Aeronáutica aponta falhas de piloto em acidente de Campos, diz jornal
Do G1.
Eduardo Campos sai do jato modelo Cessna
560XL, prefixo PR-AFA, usado nas viagens para compromissos de campanha do
candidato à Presidência. A foto é de 29 de maio de 2014 (Foto: Edson Silva
/Folhapress/Arquivo)
Investigação
da Aeronáutica sobre o acidente que matou o então candidato à Presidência
Eduardo Campos em agosto de 2014 aponta para uma sequência de erros cometidos
pelo piloto, afirma reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo"
publicada nesta sexta-feira (16/1).
O G1 confirmou com a Aeronáutica que a
falha do piloto, Marcos Martins, que se confundiu no procedimento de pouso, foi
o principal fator que provocou o acidente. Ele sobrevoou a pista de Santos
(litoral de São Paulo) em alta altitude e ainda com o trem de pouso recolhido,
sem condições para pouso. Decidiu arremeter e tentar novamente o pouso,
acompanhando a pista visualmente, quando se perdeu. Ao perceber que estava
caindo, Martins ainda tentou recuperar altitude e impedir a queda.
Isso foi
comprovado na análise do "nariz" do Cessna. O ângulo de colisão do
avião com o chão levou os investigadores a concluir que os pilotos estavam
buscando evitar o choque contra o chão e elevar a altitude. Entre outros
fatores que corroboram a tese, estão fotos e vídeos da colisão do avião contra
o telhado de uma casa e um prédio antes de bater contra o chão. O conjunto de
provas levou a apuração a entender que o Cessna não estava “caindo como um meteoro”.
Verificações
detalhadas das partes da aeronave, que foram totalmente queimadas no acidente,
mostram ainda que o trem de pouso e os flaps estavam recolhidos no momento da
queda.
5 meses de investigações
O
acidente, ocorrido em Santos enquanto Campos viajava em jato particular para
compromissos de campanha, completou cinco meses nesta semana. Além do político,
morreram o piloto, o copiloto e quatro assessores.
De acordo
com o "Estadão", as investigações da Aeronáutica serão divulgadas a
partir de fevereiro e vão apresentar uma sequência de falhas do piloto, Marcos
Martins, desde a falta de treinamento até o uso de um "atalho" para
acelerar o procedimento de descida.
Segundo o
jornal, optar pelo "atalho" significa que o piloto não usou a rota
determinada pelos manuais para o pouso na Base de Santos, não fez a manobra
exigida para aquela pista e tentou pousar direto.
Queda de avião de Eduardo Campos Santos
(Foto: Reprodução/TV Globo)
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Ainda de
acordo com o jornal, a escolha por usar o "atalho" fez o piloto
arremeter bruscamente na hora da aterrisagem e, então, passou operar os
aparelhos em desacordo com as recomendações do fabricante do avião. O
resultado, afirma a reportagem, é que o piloto começou a sofrer o que é
tecnicamente descrito como "desorientação espacial" – quando ele não
sabe se e está voando para cima, para baixo, em posição normal, de lado ou de
ponta cabeça.
Segundo o G1 apurou, a investigação concluiu que
o avião, que pode atingir até 800 km/h, caiu em baixa velocidade: cerca de 230
km/h. A maior possibilidade é que ele tenha entrado em situação de estol (perda
de sustentação) devido à desorientação espacial do comandante Martins.
Ainda
segundo a reportagem, não foi encontrada falha técnica no avião. As duas
turbinas foram avaliadas e não apresentavam problema.
Falhas no treinamento
Investigadores
da Aeronáutica confirmaram ao G1
que o piloto não estava treinado para conduzir aquele modelo de aeronave, o
Cessna 560 XL, e não tinha participado de práticas no simulador. Tanto Cunha
quanto Martins só estavam habilitados a operar no Brasil o Cessna Citation 560,
uma versão anterior do avião e que possui diferenças técnicas e operacionais em
relação ao modelo que voavam.
O G1 apurou ainda que o pouco
entrosamento do copiloto Geraldo da Cunha com o avião e o desentendimento entre
ele e o comandante sobre os procedimentos que deveriam ser realizados a bordo também
contribuíram para que o avião caísse tão rapidamente, já que o copiloto não
tentou ajudar o colega e impedir a queda.
A
Aeronáutica, no entanto, não pôde utilizar a caixa-preta de voz para as
conclusões finais. Isso porque, segundo o jornal, a caixa-preta não estava
ligada e não registrou conversas no voo.
As
investigações registram ainda que o piloto e o copiloto não tinham bom
relacionamento. Barbosa chegou a pedir para não trabalhar mais com o piloto
Marcos Martins.
Condições do tempo e da pista
O
"Estadão" afirma também que além das falhas humanas, contribuíram
para o acidente as condições da pista e do tempo no dia da tragédia. Chovia
bastante e a pista da Base de Santos é considerada difícil mesmo em boas
condições.
Local da queda do avião que levava Eduardo
Campos, em Santos (Foto: Walter Mello/A Tribuna de Santos/Folhapress)
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