Confusão em presídio do Recife deixa um detento morto e quatro feridos
Do G1 PE.
Uma confusão no Complexo Prisional do Curado
(antigo Aníbal Bruno), na Zona Oeste do Recife, neste sábado (31/1), deixou um
detento morto e quatro feridos, conforme a Secretaria Executiva de
Ressocialização (Seres). O secretário Éden Vespaziano informou que será aberto
um inquérito para apurar as circunstâncias da morte do preso. A vítima foi
David Bezerra dos Santos, 20 anos, interno do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins
de Barros (Pjallb), que morreu ao dar entrada no Hospital Otávio de Freitas, na
mesma região. A unidade de saúde também recebeu outros dois feridos, Alisson
Avelino da Silva, 21, e Diogo Santos de Lima, 20, que vão passar por cirurgia. Mais
dois detentos foram atendidos na enfermaria do próprio complexo, com ferimentos
leves.
Detentos
protestaram contra demora na entrada das visitas
(Foto: Luna Markman/G1)
(Foto: Luna Markman/G1)
Revoltadas com a demora para o início das
visitas íntimas, muitas mulheres começaram a gritar e provocar tumulto na
frente do portão do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, que faz parte do
conjunto. A revolta incentivou os detentos a se rebelarem, iniciando uma
confusão na manhã deste sábado (31/1). Os presidiários jogaram pedras contra
parte da guarda interna, que revidou com gás de pimenta, bombas de efeito moral
e balas de borracha.
O tumulto começou por volta das 7h30 e foi
contido no fim da manhã, pelos próprios agentes penitenciários. O Batalhão de
Choque da PM foi acionado, mas não precisou entrar na unidade. A Cioe também
foi chamada. A equipe chegou a entrar no presídio, no entanto, segundo o
secretário, não realizou nenhuma atividade.
"Nós tivemos um movimento causado pela
demora na entrada dos familiares. Infelizmente, nós tivemos um óbito e quatro
feridos, sendo dois atendidos na nossa enfermaria e dois que seguiram para o
Otávio de Freitas. Está sendo feito o levantamento no hospital sobre a causa da
morte, mas deve ter sido durante a contenção", disse o secretário.
A demora na entrada das visitas ocorre
porque os agentes penitenciários iniciaram a Operação 100% Legal neste sábado.
Eles estão cumprindo as regras para revistas de visitantes como determina a
legislação, como início das visitas às 8h30 e proibição da entrada de comida
levada pelos parentes. A restrição revoltou visitantes e detentos.
PMs
da Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe)
entraram na unidade no
fim da manhã (Foto: Luna Markman/G1)
"Desde 2011 existe um acordo coletivo
firmado entre o governo e sindicato de que, pela quantidade reduzida de agentes
penitenciários, a entrada das visitas seria às 8h30. O secretário [Pedro
Eurico, de Justiça] prometeu uma coisa que a gente não poderia cumprir: a
entrada às 7h. Com a demora, as mulheres começaram a gritar e a balançar o
portão. Aí os presos começaram a jogar pedras e teve início a confusão",
explicou o vice-presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema
Penitenciário do Estado de Pernambuco (Sindasp-PE), João Carvalho.
A decisão da categoria de iniciar a Operação
100% Legal foi tomada após assembleia realizada na última quinta (29/1), no
bairro da Boa Vista, área central do Recife. A assessoria de imprensa do
Sindasp-PE informou que ela será mantida no domingo (1º/2).
'Operação intransigente'
Segundo Vespaziano, a entrada das visitas
neste domingo será realizada a partir das 7h. "Nós estamos em um momento
de emergência no sistema prisional, e a portaria que estabelece a entrada a
partir das 8h30 é do secretariado, que, inclusive, ontem [sexta], já foi mudada
para que a entrada seja às 7h. Nós estamos em um momento de crise, que nos
força a agilizar a entrada e contamos com o apoio do sindicato. A operação
padrão é, de certo modo, intransigente", disse.
Sobre a informação do sindicato que havia
apenas 3 a 4 agentes de plantão para coordenar a entrada das visitas, o
secretário assegurou que o plantão tinha seis agentes e estava reforçado com
agentes do setor administrativo e homens da Goes, totalizando 10 pessoas.
O secretário informou que a contenção do
tumulto foi necessária para evitar fugas, mas o que foi usado neste controle
ainda será apurado. Há informações que os agentes usaram gás lacrimogêneo,
bombas de efeito moral e balas de borracha.
Após
confusão na manhã deste sábado, toldos começaram a
ser montados para abrigar
parentes de detentos (Foto: Luna Markman/G1)
Emergência no sistema penitenciário
Na última quarta (28/1), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), declarou estado de
emergência no sistema penitenciário e determinou intervenção do
Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga, que está com as obras
paradas há cerca de um ano e meio. O decreto com as medidas foi publicado no
Diário Oficial da sexta (30/1). Em nota, o Executivo Estadual destacou que “tais
medidas se dão em face à atual situação de tensão vivenciada no sistema
prisional”.
Na semana passada, o Complexo de Presídios do Curado (antigo Aníbal Bruno), o maior de Pernambuco, situado na Zona Oeste do Recife, registrou uma rebelião que durou três dias, deixando o saldo de três mortos e dezenas de feridos. Um sargento da PM foi assassinado durante o motim e um dos detentos foi decapitado. Os três presídios do Curado têm capacidade para 1.800 presos, mas atualmente abrigam 7.000.
Na semana passada, o Complexo de Presídios do Curado (antigo Aníbal Bruno), o maior de Pernambuco, situado na Zona Oeste do Recife, registrou uma rebelião que durou três dias, deixando o saldo de três mortos e dezenas de feridos. Um sargento da PM foi assassinado durante o motim e um dos detentos foi decapitado. Os três presídios do Curado têm capacidade para 1.800 presos, mas atualmente abrigam 7.000.
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