Reconhecimento da vaquejada como patrimônio cultural é aprovado em Comissão do Senado
Do Senado
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A Comissão de Educação, Cultura e Esporte
(CE) aprovou na última terça-feira (1º/11) o PLC
24/2016, de autoria do deputado Capitão Augusto (PR-SP), que eleva a
vaquejada e o rodeio à condição de manifestações da cultura nacional e
patrimônio cultural imaterial. A pedido do senador Otto Alencar (PSD-BA), foi
aprovado caráter de urgência para sua análise pelo Plenário pelo Senado.
A proposta foi apoiada especialmente por
senadores nordestinos, como José Agripino (DEM-RN), que vê a vaquejada como um
esporte que vem se aprimorando, procurando poupar os animais de maus-tratos. A
questão vem sendo debatida desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu
recentemente a prática numa votação apertada, por 6 a 5.
“O que
se precisa é corrigir o que ainda é feito de forma errada, o que aliás já vem
sendo feito há tempos. O colchão já é de 50 centímetros, há plantão de
veterinários, não existe mais contato dos animais com o metal e é utilizado um
rabo artificial” afirmou Agripino.
O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) voltou a
alertar para a dimensão econômica que a vaquejada possui nas áreas rurais
nordestinas, onde sua cadeia colaboraria na geração de centenas de milhares de
empregos diretos e indiretos.
“A vaquejada é hoje uma questão de
sobrevivência pra muita gente que ainda vive na zona rural. O Senado não pode
ignorar que essas regiões já vivem um despovoamento, e o fim da vaquejada afeta
diretamente essas dezenas de milhares de cidadãos” frisou o senador.
Roberto Muniz (PP-BA) também entende que a
questão sofreria um "viés de preconceito" que setores urbanos teriam
com a visão de mundo própria do campo. Segundo ele, o debate sobre o bem-estar
do animal pode ser ampliado em virtude da polêmica provocada pela decisão do
STF, afetando já em um futuro próximo outras atividades culturais no Sul e no
Sudeste em que também se faz uso abundante de animais.
Já Otto Alencar voltou a reclamar do fato do
STF ter proibido a vaquejada sem ouvir o setor. Ele também acredita que existem
outros esportes em que os animais seriam bem mais mal-tratados, além de serem
vítimas do ser humano em diversas outras situações em áreas urbanas. Para
enfatizar seu ponto de vista, o senador baiano, que relatou o projeto, recorreu
a uma citação de Ruy Barbosa:
“A pátria não é de ninguém, é de todos, e
cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra e à associação. A
pátria não é um sistema, não é uma seita, não é um monopólio de quem quer que
seja, nem uma forma de governo. É o céu, é o solo, é o povo, a tradição, a
consciência, o lar, o berço dos filhos, o túmulo dos antepassados, a comunhão
da lei, da língua e da liberdade” citou para depois complementar:
“A vaquejada pede liberdade no Brasil para
que seja mantida a tradição do vaqueiro.”
Contraponto
O projeto teve o voto contrário dos senadores
Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Marta Suplicy (PMDB-SP).
Anastasia, que apresentou um voto em
separado, lembrou que a aprovação do PLC 24/2016 não terá nenhum efeito prático
no que tange à liberação da vaquejada. Ele entende que o mesmo se dará caso também
seja aprovada uma proposta de emenda à Constituição apresentada por Otto
Alencar.
“O que o STF está discutindo são dois
valores conflitantes em nossa Carta Magna: as manifestações culturais e a
não-crueldade com os animais. A última palavra em relação a esse conflito
continuará sendo do STF” disse.
O senador avalia ainda que o debate em torno
da vaquejada é parte de uma maior consciência das pessoas em relação a suas
posturas com os animais, algo que no seu entender tem evoluído gradualmente em
todo o planeta.
Ele, assim como Marta, também entende que a
proposta aprovada hoje seria inconstitucional, devido ao fato de órgãos
técnicos ligados ao Ministério da Cultura não terem sido consultados.
Marta Suplicy, por sua vez, apresentou
relatórios do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) contrários à
vaquejada.
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