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Prefeito Marcelo Crivella é preso a nove dias do fim de seu mandato


Também foram presos o empresário Rafael Alves, apontado como operador do esquema de corrupção, e o delegado aposentado Fernando Moraes

RIO - A três dias do Natal e a nove do fim de seu mandato, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Bezerra Crivella (Republicanos), foi preso na manhã desta terça-feira. O político era investigado em um inquérito que ficou conhecido como o QG da Propina — um esquema de corrupção que acontecia dentro da prefeitura. Além de Crivella foram presos Rafael Alves, homem de confiança do prefeito e apontado como operador do esquema, e o delegado aposentado Fernando Moraes; o ex-tesoureiro Mauro Macedo; e os empresários Cristiano Stokler e Adenor Gonçalves. A decisão é da desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita.

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— Isso é uma perseguição política. Lutei contra todas as empreiteiras, tirei recursos do pedágio, do carnaval, é isso é perseguição. Quero que se faça justiça — disse Crivella logo após a prisão.

O ex-senador Eduardo Benedito Lopes também é alvo ação, que é comandada pela Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (CIAF) e pelo Ministério Público estadual, mas não foi encontrado em casa. Ele está no Pará e já é considerado foragido.

Os cinco agentes do Ministério Público e da Polícia Civil chegaram pouco antes das 6h à casa de Crivella, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Quatro carros com policiais e promotores pararam no local. Ele ainda estava dormindo quando os policiais tocaram a campainha de seu apartamento que fica no segundo andar de um prédio de luxo. Ainda de pijamas e sem entender o que estava acontecendo, recebeu os agentes e os levou até a sala.

Após ser informado do mandado de prisão que seria cumprido contra ele, Crivella teria passado a questionar os agentes e o promotor do Gaeco.

— Durante todo o tempo, ele quis saber o motivo da prisão e nos questionava o porquê da prisão. Pediu para ter acesso aos documentos e informamos a ele que seus advogados teriam acesso na delegacia — disse ao GLOBO uma fonte que participou da prisão do prefeito do Rio.

Após alguns minutos, Crivella pediu para colocar uma roupa — um terno azul — e não pôde tomar café da manhã. Em seguida, foi levado para a Cidade da Polícia, na Zona Norte. Durante o percurso, de pouco mais de 20 minutos, o prefeito ficou quase todo o tempo calado, exceto uma única vez que reclamou da prisão. Crivella ficou entre um agente e um promotor durante a ida até a Delegacia Fazendária.


A primeira-dama Jane Crivella teve crise de choro quando soube que omarido seria preso. Ela chamou um dos seguranças da Prefeitura do Rio para que fosse até o apartamento. Pouco depois das 6h10, ele chegou ao local e disse que estava ali “para dar um suporte para a dona Jane”.

Quando os policiais chegaram à casa de Rafael Alves, ele estava dormindo. Segundo fontes do MP, a empresária Shana Arouche teria brigado com os investigadores.

— Ela criou uma confusão. Rafael Alves passou que fosse mais uma busca e apreensão. Mas, ele tremeu quando falamos que ele estava preso.

Já o ex-tesoureiro Mauro Macedo, ao ser preso, segundo fontes da Polícia Civil, perguntou se os policiais não deveriam esperar seu advogado chegar. No entanto, foi informado que teria que ser conduzido para a Cidade da Polícia.

Fernando Moraes é um dos conselheiros da Agência Reguladora de Transportes do Estado.

Segundo fontes do Ministério Público, todos os presos passarão, às 15h, por audiência de custódia com a desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita.

Revelada com exclusividade pelo GLOBO  em dezembro, a investigação QG da Propina teve como alvo o governo Crivella e está baseada na colaboração premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso pela  operação Câmbio, Desligo  no ano passado.

Na delação, homologada pelo Tribunal de Justiça do Rio, Mizrahy se referiu a um “QG da propina” dentro da Riotur e apontou  Rafael Alves , homem de confiança do prefeito, como operador do suposto esquema.

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O doleiro afirmou na delação que Rafael Alves se tornou um dos homens de confiança de Crivella ao articular doações para sua campanha eleitoral de 2016. Ele ainda contou que Alves emplacou o irmão na presidência da Riotur e viabilizou “a contratação de empresas para a prefeitura e o recebimento de faturas antigas em aberto, deixadas na gestão do antigo prefeito Eduardo Paes, tudo em troca de pagamentos de propina”.

Por: O Globo

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