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Monitor da Violência: Pernambuco tem maior taxa de assassinatos do país no primeiro trimestre


O número de assassinatos em Pernambuco registrou em alta em 2022, segundo o índice nacional de homicídios criado pelo g1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. O estado tem a maior taxa de crimes contra a vida do Brasil nos três primeiros meses: 10 mortes por cada 100 mil habitantes.

Em 2021, no primeiro trimestre, a taxa era de 8,6 para cada 100 mil habitantes, com o registro de 828 crimes contra a vida no período. Já em 2022, em números absolutos, o estado teve 963 assassinatos até o fim de março, uma alta de 16,3%.

Segundo o secretário estadual de Defesa Social, Humberto Freire, a alta foi puxada por crimes relacionados ao tráfico de drogas (veja mais abaixo).

No país, foram houve uma baixa de 6%. Além de Pernambuco, apenas Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Piauí e Rondônia registraram aumento de assassinatos.

Estão contabilizadas no número as vítimas de homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais seguidas de morte.

O levantamento, que compila os dados mês a mês, faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do g1 com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em março deste ano, um dos casos de maior repercussão foi o da garota Heloysa Gabrielly, de 6 anos, que levou um tiro durante uma operação da Polícia Militar, em Porto de Galinhas, em Ipojuca, no Grande Recife.

Tráfico como causa

Especialistas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do NEV-USP ouvidos pelo g1 apontaram que a diminuição dos homicídios no país tem como explicação, entre outros fatores, mudanças na dinâmica do mercado de drogas brasileiro; maior controle e influência dos governos sobre os criminosos e apaziguamento de conflitos entre facções.

Em Pernambuco, o secretário estadual de Defesa Social apontou que é o tráfico de drogas a principal causa do crescimento dos homicídios no primeiro trimestre, sendo responsável por cerca de 60% dos assassinatos no período.

"Pessoas envolvidas com o tráfico de drogas estão ou sendo autores ou vítimas desses crimes contra a vida. [...] Esses homicídios a mais que estão acontecendo são exatamente o enfrentamento de grupos criminosos distintos", apontou Freire.

O secretário afirmou que, em algumas áreas do estado, como Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, no Grande Recife, 85% dos 74 homicídios da região têm ligação com o tráfico.

Entre as ações para combater a alta de homicídios, o secretário apontou as operações que agem contra a parte financeira de quadrilhas. Em março, houve o bloqueio de R$ 1,8 bilhão de ativos e bens, entre eles uma aeronave, de suspeitos de tráfico de drogas.

Segundo dados da SDS, no primeiro trimestre, os crimes de proximidade representaram 17% dos homicídios, totalizando 163 mortes por violência interpessoal. "Aí você tem briga de bar, entre vizinhos, questões ali banais, que levam a esse crime", afirmou Freire.

"A gente trabalha mês a mês porque a gente precisa identificar qualquer aquecimento e onde está. [...] A gente consegue reagir a tudo isso", declarou.

Pacto pela Vida

Apesar da alta no começo do ano, o secretário afirmou que o programa Pacto pela Vida é uma política consistente e segue dando resultados. "Acho importante ser justo com os próprios números. Não é um aumento generalizado. Já identificamos quais são as áreas principais e tivemos um aquecimento menor em abril", declarou.

No primeiro trimestre de 2022, houve redução de 35,7% no número de feminicídios. Foram 18 vítimas desse crime nesse intervalo e 28, no mesmo período de 2021.

Freire também apontou que houve redução nos estupros - foram 689, nos três primeiros meses de 2021, e 508 registros, em 2022. Além disso, as queixas de roubo também caíram, foram 12.049 casos no trimestre, menor que 13.239 registros do mesmo período do ano anterior.

Para o secretário, a expectativa é de chegar ao final do ano com um total de crimes contra a vida menor do que o ano anterior.

Fonte: G1

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