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Iphan notifica governador sobre desaprovação da doação de terreno do Espaço Ciência e sugere instalação de data center na Fábrica Tacaruna


O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) enviou um ofício ao governador Paulo Câmara (PSB) e emitiu uma nota técnica sobre a doação do parte do terreno do Espaço Ciência, um museu a céu aberto localizado no Grande Recife, para a iniciativa privada.

O espaço foi cedido a duas empresas privadas para a instalação de um data center e um ponto de chegada de um cabo submarino de internet. A medida foi criticada na comunidade científica e foi alvo de questionamentos do Ministério Público e de pedido do Ministério Público de Contas.

O Iphan lembrou que a região é Área de Entorno e de Proteção da Paisagem do Sítio Histórico de Olinda, e que, por isso, qualquer obra só pode ocorrer depois de análise técnica e aprovação do órgão federal, o que não ocorreu.

O envio da notificação foi confirmado nesta segunda-feira (5) pelo Iphan, e feito na sexta-feira (2). A nota técnica, por sua vez, foi emitida na quinta-feira (1º). O Iphan, no documento, sugere que o governo use a antiga Fábrica Tacaruna para a instalação do data center, que é um centro de processamento de dados com computadores de última geração.

A Fábrica Tacaruna, de açúcar em tabletes, foi inaugurada em 1895, e transformada numa refinaria de açúcar no século 20. Depois, em 1925, foi transformada na Companhia Manufatora de Tecidos do Norte. Em 1992, foi completamente desativada e, desde 1994, tombada pela Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural de Pernambuco (Fundarpe) e pelo Conselho Estadual de Cultura.

Desde então, foi alvo de vários projetos de tentativa de recuperação, mas até hoje está em ruínas. Na nota técnica emitida, o Iphan pede que a fábrica seja aproveitada no projeto e, assim, seja restaurada, cumprindo o previsto no Plano Diretor de Olinda.

O Iphan afirma, ainda, que a área do Espaço Ciência, conhecida como Memorial Arcoverde, "é de relevância histórica, urbanística e paisagística para Olinda e para o Recife, a ser tratada urbanisticamente e protegida de interferências negativas como a perda da função social, assim como o não aproveitamento de seu potencial".

O g1 entrou em contato com o governo de Pernambuco, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

A doação

O terreno doado tem cerca de 8 mil metros quadrados. A direção do Espaço Ciência disse ter sido surpreendida, no início de novembro, com uma notificação de uma empresa privada exigindo a retirada "com urgência" de objetos em exposição para o início das obras.

A lei que efetiva a doação foi sancionada após o projeto tramitar em regime de urgência na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) sem ser questionado por deputados.

Anunciado pelo governo em 2019, o cabo submarino citado estava previsto para começar a funcionar em 2021. De acordo com a gestão estadual, é uma estrutura capaz de conectar o estado a São Paulo e, assim, à internet global, sem a necessidade de passar por outros estados, como o Ceará, que há anos já tem cabos desse tipo.

Com os cabos submarinos de fibra ótica, é possível transmitir dados como voz, imagens e mensagens em alta velocidade. Esse tipo de fio é utilizado, por exemplo, na comunicação entre a bolsa de valores de Nova York e a B3, a bolsa brasileira.

O governo do estado diz que, em contrapartida pela doação do terreno, que fica no Recife, o Espaço Ciência vai receber outra área, de 10 mil metros quadrados, em Olinda, que pertencia à Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur).

Fonte: G1

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