Silvio Santos morre aos 93 anos em São Paulo
Silvio Santos morreu aos 93 anos, neste sábado (17), em São Paulo, em decorrência de uma broncopneumonia após infecção por influenza A (H1N1).
Silvio foi o nome mais importante do entretenimento da televisão brasileira, em especial à frente do Programa Silvio Santos, que comandou a partir de 1963. Foi, também, dono de um conglomerado bilionário criador de marcas como Jequiti, Tele Sena e Baú da Felicidade - além das emissoras TVS e SBT.
Em julho, Silvio foi internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, para se recuperar do H1N1. Teve alta dois dias depois. Em 1º de agosto do mesmo ano, voltou a ser hospitalizado.
Silvio faleceu às 4h50 deste sábado (17), segundo o hospital. O apresentador deixa a viúva Íris Abravanel, com quem era casado desde 1978, seis filhas - Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata, do casamento com Íris; e Cíntia e Silvia, do primeiro casamento, com Cidinha, que morreu em 1977 -, 14 netos e 4 bisnetos.
Não haverá velório - apenas uma cerimônia judaica para família e amigos mais próximos, em um cemitério israelita, a pedido do apresentador.
"Ele gostava de ser celebrado em vida e gostaria de ser lembrado com a alegria com que ele viveu", diz nota da família Abravanel.
Em nota, a Globo lamentou a morte de Silvio.
"O Brasil se despede hoje com tristeza de um apaixonado pela comunicação e um dos seus maiores expoentes. Agradecemos ao Silvio tudo que fez pela televisão brasileira e enviamos nosso carinho à família, aos amigos, aos colaboradores e aos fãs."
O presidente do Grupo Globo, João Roberto Marinho, relembrou a atuação de Silvio na emissora e relação de amizade, admiração e respeito mútuos entre o apresentador e Roberto Marinho.
"No dia em que a televisão brasileira acordou já com saudades de um de seus grandes talentos, lembro com carinho e gratidão dos anos em que Silvio Santos ajudou a escrever também a história da Globo. De 1965 a 1969, o ‘Programa Silvio Santos' foi exibido pela TV Globo para a cidade de São Paulo e depois, até 1976, foi levado para todo Brasil. Já desde então se destacavam a alegria e o talento que divertiram os domingos dos brasileiros e inspiraram tantos profissionais. É com carinho que me recordo também da relação de amizade, admiração e respeito mútuos que tinha com meu pai, Roberto Marinho, com quem compartilhou três grandes paixões: a comunicação, a televisão e o Brasil. À família, aos amigos, aos colegas do SBT e aos fãs, a nossa solidariedade. Ao Silvio, nosso muito obrigado."
Início como camelô e locutor
Senor Abravanel - nome de batismo de Silvio Santos - nasceu em 12 de dezembro de 1930, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Seus pais, Alberto e Rebeca (nome que foi dado uma das filhas do apresentador), eram imigrantes de origem judaica. Foi o mais velho de cinco irmãos.
Silvio estudou contabilidade e, no tempo livre, trabalhou como camelô nas ruas do Rio de Janeiro, vendendo canetas e outros itens, como capas de plástico para títulos de eleitor na eleição de 1946. Usava a voz também para fazer pequenos trabalhos em uma rádio.
Aos 18 anos, em 1948, serviu o Exército na Escola de Paraquedistas. Aos domingos, trabalhava no rádio e, a deixar a Força, seguiu com os serviços de locução, fazendo, entre outras coisas, anúncios com uma caixa de som na barca liga Rio e Niterói.
Em 1954, já em São Paulo, Silvio assinou o primeiro contrato fixo como locutor, na Rádio Nacional. Depois, foi chamado pelo empresário e radialista Manuel de Nóbrega para ser animador de seu programa.
Morre, aos 93 anos, o apresentador Silvio Santos
A estreia na TV
Na época, Manoel da Nóbrega era dono do Baú da Felicidade, que vendia brinquedos a prazo. Silvio assumiu a empresa em 1958 e, no ano seguinte, passou a fazer shows em circos para vender os populares carnês. Era o início do Grupo Silvio Santos (leia mais sobre a trajetória empresarial do apresentador aqui).
Também em 1959, Silvio estreia na TV, com o programa Audições, na TV Paulista (canal 5), onde comandou ainda programas como Hit Parade, Quando Maestros Se Encontram e O Grande Espetáculo. O primeiro programa autoral foi Vamos Brincar de Forca, usado para alavancar as vendas do carnê do Baú.
O Programa Silvio Santos, o maior entre os criados pelo apresentador, surgiria em 1963. Em 1965, o programa passou a ser transmitido pela TV Globo, após a compra da TV Paulista - inicialmente para São Paulo e, depois, para todo o país.
Ao mesmo tempo, Silvio apresentava programas - “Festa dos Sinos", "Sua Majestade: o Ibope", "Cidade contra Cidade" e "Silvio Santos Diferente" em outra emissora, a TV Tupi.
TVS e SBT
Silvio adquiriu seu próprio canal de televisão 1975 - o Canal 11, do Rio de Janeiro. No ano seguinte, inauguraria a TVS e deixaria a Globo.
Silvio ganhou outras concessões e, em 1981, entrou no ar o SBT, da qual o Programa Silvio Santos era a principal atração, com quadros inesquecíveis como Domingo no Parque, Qual é a Música, Show de Calouros e Porta da Esperança.
Com carisma, bordões - “Vem pra cá, vem pra cá” e “Quem quer dinheiro?” - e domínio absoluto da plateia, Silvio chegava a fazer o programa durar mais de dez horas.
Silvio também fez sucesso cantando marchinhas de carnaval, como Coração Corintiano e A Pipa do Vovô, registradas em álbuns entre os anos 1970 e 1990 e, em fevereiro 2001, foi homenageado no Carnaval do Rio pela escola de samba Tradição, com o enredo O Sorriso do Patrão.
Candidatura presidencial frustrada
Em 1989, Silvio Santos anunciou, duas semanas antes do primeiro turno da eleição, que seria candidato a presidente da República pelo Partido Municipalista Brasileiro (PMB), logo depois extino.
Partidos adversários contestaram, e a candidatura foi barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 9 de novembro.
A entrada do apresentador agitou o processo eleitoral daquele ano. Dono de um rosto conhecido pelos brasileiros, Silvio figurou bem nas pesquisas eleitorais, chegando a alcançar 30% das intenções de voto nas sondagens, de acordo com informações do TSE.
Silvio evitou fazer comentários públicos sobre a tentativa frustrada de chegar à Presidência.
Sequestro
Em agosto de 2011, Patrícia Abravanel, filha de Silvio, ficou sequestrada por 7 dias.
Após a libertação, dois dos sequestradores foram presos. Um terceiro, Fernando Dutra Pinto, e sua namorada, conhecida como Jenifer, fugiram com o dinheiro do resgate. A polícia de São Paulo iniciou uma caçada ao bandido, que chegou a ser localizado em um hotel em Alphaville, que conseguiu escapar após matar 2 agentes.
Fernando, pouco depois, invadiu a casa de Silvio Santos e fez o apresentador refém por sete horas. O sequestro só chegou ao fim após o governador de São Paulo à época, Geraldo Alckmin, ir até o local e negociar com o bandido, que se entregou.
Jornal Hoje: Sequestro de Silvio Santos (2001)
'Para tudo, já estou aqui. Já cheguei'
Em dezembro de 2020, Silvio Santos comemorou 90 anos sem celebrações públicas, isolado por conta da pandemia, ao lado das filhas.
No dia 1º agosto de 2021, já vacinado com duas doses, Silvio voltou a apresentar seu programa. Semanas depois, contraiu Covid-19 e foi internado, mas se recuperou e voltou a gravar o programa, embora não no ritmo de antes.
Ao som da música de abertura, o apresentador entrou alegre, dizendo “Para tudo, já estou aqui. Já cheguei!".
Foi a primeira brincadeira de muitas que ainda divertiriam o público. Seria a última edição do programa gravada pelo apresentador.
Fonte: G1
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