Refinaria Abreu e Lima é símbolo da crise na Petrobras
Da
Veja.
O momento anunciado como um marco histórico
para a Petrobras – o início da
produção na primeira refinaria de petróleo
construída no Brasil em 30 anos – não contou com discursos nacionalistas, mãos
manchadas de óleo ou qualquer cerimônia oficial. Uma foto no celular de um
operador é o registro da primeira mostra de diesel produzida na Refinaria Abreu
e Lima (Rnest), Pernambuco, após quase dez anos e 18,8 bilhões de dólares
escoados em projetos superfaturados, obras inacabadas e contratos investigados
no mais grave caso de corrupção do país.
No novo esforço para demonstrar ao mercado
sua solidez operacional, a estatal anunciou a primeira
venda de óleo da refinaria em 17 de dezembro. Com
"grande satisfação" e esmorecido entusiasmo, a presidente da
companhia, Graça Foster, comemorou a primeira venda de 1.600 metros cúbicos
(m³) de diesel - apenas 1% do volume possível, considerando a carga de 227 mil
metros cúbicos de óleo que circulam em Abreu e Lima desde setembro (70% de todo
o processamento da unidade é de diesel).
O início da operação, no dia 6 de dezembro, seria a redentora vitrine de uma gestão assolada pelo forte constrangimento financeiro, pelo inédito adiamento de balanço contábil, pela desvalorização recorde das ações de mais de 40% - sem contar a "inequívoca" corrupção que "adentrou" a cúpula da estatal, nas palavras de Graça Foster. Mas a ínfima produção evidencia a disparidade entre o discurso e a realidade da refinaria.
Segundo apuração do jornal O Estado de S. Paulo, do
alto é possível ver unidades operacionais e prédios administrativos
abandonados, além de tanques de armazenamento inacabados e depósitos de
equipamentos inutilizados. Há vigas e fundações expostas, além de
guindastes, andaimes, sanitários químicos, lonas e estruturas temporárias ao
lado de unidades em plena operação de refino de petróleo em altíssimas
temperaturas.
A fumaça branca da produção se confunde com
a poeira das caçambas que percorrem as áreas internas da refinaria recolhendo
entulhos. Quase todo o terreno de 6,2 mil quilômetros quadrados está ainda em
chão de terra batida. Segundo os operários, foram pavimentadas apenas as vias
por onde passaram os técnicos da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustível (ANP) na fiscalização anterior à autorização de funcionamento da
refinaria.
O projeto é o que melhor evidencia o
prejuízo causado pela corrupção e que até hoje não tem análise de viabilidade
econômica atualizada.
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