some text

Assassinado a tiros durante show, MC Boco é lembrado pela viúva: 'um maridão, um amigão, um paizão', diz


“Um maridão, um amigão, um paizão”. Foi assim que a viúva de MC Boco, Alynne Cristina Freire da Silva, de 23 anos, definiu o artista. Ele foi assassinado a tiros enquanto fazia um show na madrugada do domingo (26), em Serrambi, em Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco (veja vídeo acima).

MC Boco, nome artístico de Paulo Roberto Gonçalves Cavalcanti, foi assassinado com vários tiros no Aconchego Bar.

O cantor de brega funk chegou a ser levado para uma unidade de saúde, mas não sobreviveu. A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o crime, mas até a última atualização desta reportagem ninguém tinha sido preso.

A entrevista de Alynne foi concedida a uma equipe da TV Globo, na frente da sala onde ocorreu o velório do cantor, nesta segunda-feira (27), no Cemitério de Santo Amaro, no Centro do Recife.

“Eu sempre dizia a ele: ‘realmente, você se dá bem com todo mundo, porém você tem que entender que hoje o mundo é cruel e as pessoas têm maldade. A gente não deve esperar nada de ninguém, porque as coisas acontecem com a gente’. As pessoas que menos esperamos são aquelas que nos traem”, afirmou Alynne.

A motivação do homicídio ainda é investigada. No entanto, há suspeita de que uma briga de facções criminosas possa ter relação com o caso.

Uma testemunha disse, em entrevista à TV Globo, que o autor dos disparos era um homem encapuzado. A polícia não divulgou informações sobre os suspeitos.

Na entrevista, a viúva afirmou que o crime não teria relação com problemas envolvendo a criminalidade.

“Eu tenho acesso a todas as redes sociais dele. Eram só mensagens positivas. Pessoas que conheceram ele lá no presídio, dizendo que ele era um cara da poxa, dizendo que eram fãs dele. Não tinha problema, não tinha mensagem de ameaça. Ele fechou o show contrato normal e foi fazer o show”, contou a esposa.

Em junho de 2020, Boco foi detido com mais três homens por estar com 670 gramas de derivado de pasta base de cocaína.

Ele ficou preso preventivamente até outubro deste ano. Na época, a assessoria do cantor negou o envolvimento do artista e afirmou que ele estava “no local errado na hora errada”.

A esposa de Boco também questionou a falta de revistas na entrada da casa de show onde o cantor foi assassinado.

“Eu não entendo como em um ambiente entram pessoas armadas, tiram a vida de um artista que foi contratado por essa casa de show, pelo dono do evento e fica por isso mesmo. Não tem uma câmera, não tem um segurança, não tem nada?”, questionou.

Segundo Alynne, eles estavam casados há cinco anos e tinham uma filha de 2 anos. O cantor era ainda pai de outros três filhos. A filha mais velha, Beatriz Vitória Melo Cavalcanti, de 15 anos, estava presente no velório, bastante abalada.

No local, a mãe e a avó do MC Boco precisaram ser amparadas ao chegar. Chorando muito, elas entraram na área interna da funerária onde o corpo do cantor estava sendo velado.

Fãs e amigos também estiveram presentes no local para prestar homenagens ao cantor. O produtor musical Romárcio Selva relembrou o início da carreira do artista. MC Boco foi um dos precursores da transformação da música brega do Recife (veja vídeo acima).

"O Boco foi com uma ideia de que o funk não deveria ser aquela coisa só violenta, só droga, só aquele negócio. Que a gente deveria ter um funk próprio, uma coisa nossa. Chegou junto para mim e disse ‘Romárcio, tem como tu fazer uma base para mim?’. Eu disse que tinha sim. E aí fiz a base para ele e tal e ele começou a levar aquilo dali e deslanchou", afirmou.

Entre 2007 e 2014, MC Boco fez dupla com o MC Sheldon, outro nome destacado na cena brega recifense. O cantor prestou homenagem ao MC em vídeo postado na internet.

Integrantes da Torcida Jovem do Sport, time pelo qual MC Boco era torcedor, estiveram no cemitério e estenderam a faixa da torcida.

O também cantor MC Wesley se disse muito triste com a morte do amigo. "Muito triste, muito triste o que fizeram com ele, uma trairagem. Dividi o palco com ele, aprendi muito com ele em cima do palco também... Só quero que Deus guarde a alma dele e ele sempre vai ser lembrado aqui na terra", afirmou.

MC Metal, outro cantor de brega da cena recifense, também esteve presente no velório de Boco e contou que dividiu os palcos com o músico há pouco tempo.

"É muito triste, essa situação revoltante. Ninguém sabe como foi que aconteceu isso. Eu tinha feito um show há um mês com MC Boco, logo após a libertação dele. A gente fez um show junto, eu conversei com ele, ele estava muito feliz que tinha voltado aos palcos, que tinha voltado a trabalhar. Tudo que ele mais gostava de fazer", declarou.

Fonte: G1

Tecnologia do Blogger.