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Caso Beatriz: governador demite perito que prestou consultoria para colégio onde menina foi morta e se declara favorável à federalização


Após encontro com os pais da garota Beatriz Angélica Mota, assassinada em uma escola particular de Petrolina, no Sertão, em 2015, o governador Paulo Câmara (PSB) demitiu, nesta terça-feira (28), o perito criminal Diego Costa, que prestou consultoria ao colégio. Paulo Câmara também assinou um documento declarando que o governo é favorável à federalização do caso (veja vídeo acima).

A mãe de Beatriz, o pai e as outras seis pessoas caminharam mais de 700 quilômetros para falar com o chefe do executivo estadual, indo de Petrolina até o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo, na área central do Recife. O grupo foi recebido por volta das 16h, junto com três deputadas, uma vereadora e um representante da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE).

De acordo com o governo, a exoneração do perito criminal será publicada no Diário Oficial do Estado da quarta-feira (29). Beatriz Angélica tinha 7 anos de idade quando foi morta, em 10 de dezembro de 2015. Desde então, a polícia fez várias investigações, mas não chegou a uma conclusão que permitisse a prisão de um suspeito.

Paulo Câmara recebeu os pais de Beatriz ao lado da vice-governadora Luciana Santos, do secretário de Defesa Social, Humberto Freire, do secretário da Casa Civil, José Neto, do Chefe de Polícia Civil, Nehemias Falcão, e da procuradora-geral do Estado em exercício, Giovana Gomes.

O secretário Humberto Freire afirmou que, sobre a solicitação da participação de uma empresa privada americana na investigação, não há respaldo na legislação.

"Falamos um pouco sobre todo esse esforço que temos mantido e vamos manter até que se tenha elementos suficientes para indiciar algum responsável e apresentar ao sistema de Justiça", disse.

Sobre a demissão de Diego Costa, Humberto Freire explicou que foi feito um processo administrativo disciplinar e que, ao longo do processo, foi comprovado que o perito criminal prestou um serviço privado ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora.

"Isso é vedado aos agentes policiais e, em virtude disso, foi proposta a demissão dele, como prevê a legislação neste tipo de infração disciplinar", afirmou.

O governo destacou, ainda, que cabe à Procuradoria-Geral da República ou ao Ministério da Justiça avaliar se estão presentes os requisitos legais para a federalização da investigação.

E destacou que o inquérito do caso tem 24 volumes, 442 depoimentos, sete tipos diferentes de perícias, 900 horas de imagens e 15 mil chamadas telefônicas analisadas e foi remetido ao Ministério Público de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 2021.

Os autos haviam sido enviados em 2019 ao Ministério Público de Pernambuco, que requisitou novas diligências. O governo afirmou que todas as solicitações foram cumpridas e entregues ao MPPE pela força-tarefa criada para investigar o caso.

O governo acrescentou que quatro delegados com experiência em investigação de crimes de homicídios revisitaram todo o material produzido e realizaram novas diligência e que a força-tarefa continua mobilizada.

Respostas

Por meio de nota, a Associação de Polícia Científica se pronunciou sobre o caso e afirmou que “considerando as graves acusações que vêm sendo recorrentemente feitas por membros da família da vítima, tanto contra peritos criminais quanto, de modo geral, contra integrantes da Polícia Civil de Pernambuco, [...] está atenta a todos os desdobramentos do caso, para adotar todas as providências voltadas para a defesa dos interesses do perito criminal Diego e de toda categoria”.

De acordo com o órgão, “o trabalho realizado pela Polícia Científica contribui para a produção da prova técnica, auxiliando, de modo relevante, a investigação policial”.

Ainda no texto, eles afirmaram que seguem “na defesa incansável dos interesses dos peritos criminais que estejam sendo vítimas de decisões administrativas desarrazoadas e desproporcionais". Por fim, a associação afirmou que “também não permitirá que seja maculada a reputação de profissionais responsáveis e probos”.

Também por meio de nota, o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora informou que as imagens divulgadas integram o inquérito policial e que as pessoas que aparecem nelas não fazem parte da instituição e foram identificadas e ouvidas pela Polícia Civil.

"Não houve manipulação ou exclusão de imagens das câmeras pelo Colégio. As gravações foram entregues de forma completa e em originais à autoridade policial, inclusive devidamente documentado no inquérito policial, cabendo aqui esclarecer que foi o colégio que financiou a recuperação das imagens à pedido da Polícia Civil", disse, no documento.

O Colégio Nossa Senhora Auxiliadora também informou, na nota, que é de total interesse da instituição que o crime seja elucidado e "que confia plenamente na Justiça e na Polícia Civil para a solução do caso".

G1 Caruaru

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