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Cem dias de trapalhadas



A governadora Raquel Lyra (PSDB) completa, hoje (10/4), 100 dias de gestão. Errou mais do que acertou. Minha avó dizia que a primeira impressão é a que fica. Seus primeiros atos foram desastrosos, primeiro quando deixou as principais repartições acéfalas ao promover a maior vassourada na história do Estado, pondo no olho da rua 2,7 mil servidores comissionados.

Com o PSB no poder há 16 anos, ninguém imaginava a preservação nos cargos dessas 2,7 mil pessoas. Todo governo muda, mas sem paralisar o Estado. Como resultado desse corte brutal e impensado, até hoje muitos órgãos do segundo escalão não têm sequer ordenadores de despesas. A decisão foi tão precipitada que a governadora esqueceu que janeiro é mês de matrícula na rede estadual de ensino.

Teve que recuar na educação. O Detran ficou por duas semanas sem emissão de carteiras, porque, simplesmente, não havia ninguém para assinar. O ato, que deveria marcar de forma positiva o início de seu mandato, acabou trazendo problemas à tucana. A medida foi criticada e causou reação de sindicatos e políticos pernambucanos. Tanto que um dia depois, a governadora republicou o decreto para acrescentar mais exceções à lista de categorias que seriam poupadas da exoneração em massa.

Sendo assim, foram incluídas as equipes gestoras das escolas regulares, técnicas e de referência da rede estadual de ensino, como diretores, secretários e educadores de apoio. A vassourada causou uma corrida aos sindicatos. Os servidores foram buscar garantia de direitos. Os relatos de servidores efetivos foram de assombro e paralisia nas diversas áreas do serviço público estadual. O Estado saiu prejudicado pelo vácuo deixado pelo ato impensado, de quem parecia não entender nada de máquina pública.

Sem social – Os cem dias de Raquel também foram de terríveis efeitos sociais. As famílias pobres, dependentes do programa do Leite, ficaram sem nutrir suas crianças pela manhã, porque a tucana não pagou a contrapartida do Estado. Já o décimo terceiro do Bolsa-Família até hoje não foi pago, contribuindo para aumentar ainda mais a fome de milhares de pernambucanos. É bom lembrar que uma das promessas de campanha dela foi justamente reduzir a miséria.


Aliança à direita – Na área política, a governadora sinalizou uma aliança com o bolsonarismo ao entregar para o PL, partido do ex-presidente Bolsonaro, o Detran, uma das maiores máquinas arrecadadoras do Estado. A negociação foi direta e pessoal com o presidente estadual da legenda, Anderson Ferreira, que os aliados de Bolsonaro em Pernambuco o classificam de “ferreirista” e não bolsonarista. Não se sabe se essa aliança será duradoura até as eleições municipais num Estado extremamente lulista.


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