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Recife é a cidade brasileira que mais recebe pessoas de fora em busca de atendimento médico, diz estudo


Um estudo realizado pelo governo federal mostra que o Recife é a cidade brasileira que mais recebe pessoas de outros municípios em busca de tratamento de saúde, ficando à frente de Belo Horizonte e São Paulo - metrópole que tem uma população oito vezes maior que a recifense (veja ranking abaixo).

Segundo a pesquisa, os serviços médicos disponíveis na capital pernambucana chegam a atender pacientes que moram em regiões localizadas a mais de 4 mil quilômetros.

Os dados, compilados em 2021, foram levantados no painel "Deslocamentos e gastos hospitalares dos municípios brasileiros", a partir de informações do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Tesouro Nacional.

Nesse período, segundo o estudo, em todo o país, 4 milhões de pessoas tiveram que viajar para fazer exames, consultas e procedimentos médicos.

Ranking de cidades com mais internações

De acordo com o levantamento, naquele ano, o Recife registrou quase 20 mil atendimentos de pessoas de fora. Veja abaixo o ranking abaixo:

Recife - 19.737 entradas

Belo Horizonte - 12.299 entradas

São Paulo - 9.997 entradas

Salvador - 8.855 entradas

Fortaleza - 8.199 entradas

Goiânia - 7.710 entradas

Porto Alegre - 6.508 entradas

São Luís - 5.629 entradas

Curitiba - 5.621 entradas

Rio de Janeiro - 5.464 entradas

O mapeamento revela ainda que, entre os pacientes que saíram de municípios para seguir tratamento no Recife, estavam moradores de cidades como Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, que fica a mais de 4.100 quilômetros da capital de Pernambuco.

No entanto, a maior parte deles vem do interior do estado. É o caso da agricultora Bruna Érica Alves. Grávida de alto risco, ela sai duas vezes por mês de Ingazeira, no Sertão, para a capital.

"É um pouco cansativo, porque são seis horas de viagem. Tem tratamento na cidade vizinha, mas devido ao fato de ter feito um tratamento que não deu certo, eles [os médicos] acharam melhor me enviar para cá. Aqui [no Recife] tem muitos especialistas", contou.

O que dizem a prefeitura e o governo

Por meio de nota, a prefeitura de Ingazeira informou que:

o município tem um hospital de pequeno porte e duas unidades básicas de saúde;

os casos mais complexos são enviados à cidade vizinha de Afogados da Ingazeira e ao Recife, onde está concentrada a maioria dos serviços de alta complexidade.

Já a Secretaria Estadual de Saúde disse que uma das metas do governo do estado é descentralizar o atendimento da rede de saúde e, na semana passada, ampliou o número de vagas nas maternidades de alto risco dos hospitais João Murilo, em Vitória de Santo Antão, e Regional Inácio de Sá, em Salgueiro.

Além disso, a SES afirmou que planeja abrir outras maternidades no interior e que, até o fim de abril, começam a funcionar os serviços de urgência ortopédica e pediátrica nos hospitais Ruy Barros Correia, em Arcoverde, e Eduardo Campos, em Serra Talhada.

Projeto de lei prevê compensação financeira

Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados pretende criar um cartão integrado de saúde, reunindo dados de cada paciente, vinculado a contas especiais de municípios, dos estados ou do Distrito Federal.

Com essas informações, seria criado um sistema de compensação orçamentária, acionado quando uma pessoa fosse atendida fora do município onde mora. Dessa forma, a União poderia compensar os gastos feitos pela gestão da cidade que recebe o paciente.

Para o autor da proposta, o deputado federal Luciano Bivar (União Brasil), essa seria uma forma de equilibrar as despesas das grandes cidades sobrecarregadas pela alta demanda de atendimentos de saúde, como é o caso do Recife.

"Ele [o projeto] institui essa rede em que você pode sair de um município para outro, embora isso não seja uma exigência, para que se tenha controle desse trânsito de demandas hospitalares. Isso vai facilitar para que a União reserve uma parte financeira, porque todos os estudos municipais são baseados na população", explicou.

Ainda de acordo com o deputado, a compensação deve vir do governo federal.

"É preciso verba extra da União, não tirar dos municípios menores de forma compensatória, mas que a União compense os grandes centros que recebem pacientes de outros municípios", avaliou.

Fonte: G1

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