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Trabalhadores rurais ocupam sede do Incra; CPT diz que famílias foram ameaçadas de expulsão de terras


Trabalhadores rurais ocuparam, nesta terça (18), a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), nos Aflitos, na Zona Norte do Recife. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), os agricultores denunciaram que foram ameaçados de despejo e querem a garantia de permanência em propriedades.

Coordenada pela CPT e Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), a ocupação na sede do Incra é mais um marco da luta pela terra, no mês de abril.

Entidades homenageiam a memória de trabalhadores que foram mortos em Eldorado dos Carajás (PA), em 1997. Deste o início deste mês, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou dez áreas em Pernambuco.

A CPT informou que cerca de 400 famílias chegaram à sede do instituto, no fim da manhã desta terça. Elas pedem audiência com o superintendente do Incra em Pernambuco, Givaldo Cavalcante Ferreira.

Ainda segundo a comissão, as famílias que entraram na sede do Incra nesta terça vivem “há muitos anos” em cerca de 20 áreas nas Zonas da Mata Sul e Norte, no Agreste e no Sertão de Pernambuco.

“Algumas dessas propriedades são áreas antigas de litígio e que não produzem mais nada. Outras são de usinas ou fazendas que faliram ou têm dívidas”, o representante da CPT Plácido Júnior.

Plácido Júnior acrescentou que a ocupação no Incra é um ato para mostrar que as famílias precisam que a reforma agrária seja feita em Pernambuco.

“Também estamos denunciando a questão das áreas de quilombolas no estado. São mais de 200 e apenas duas foram contempladas pela demarcação das terras”, acrescentou.

Por nota, a CPT informou que mais de 90 áreas podem ser alvo de ações de despejo no estado. A comissão disse que esses dados foram repassados pela Polícia Militar em audiência realizada na Comissão Estadual de Acompanhamento aos Conflitos Agrários de Pernambuco (Ceaca), em 2022.

Ainda segundo a CPT, as famílias cobram também a “imediata retomada das vistorias e a atualização dos processos”, além de liberação de créditos para estimular a produção de alimentos saudáveis e o combate à fome.

Os agricultores também querem a retomada do processo de compra de terras, em parceria com o governo estadual, a reativação do Programa de Prevenção de Conflitos Agrários Coletivos (PPCAC).

Respostas

Em entrevista ao g1, o superintendente do Incra em Pernambuco, Givaldo Ferreira, afirmou que recebeu os trabalhadores rurais para debater a pauta de reivindicações.

Segundo ele, ainda nesta terça, seria realizada uma reunião, na sede do Incra, para detalhar os pedidos e definir as ações que serão realizadas.

"São pessoas que estão há muitos anos nessas terras e que não receberam direitos trabalhistas depois da falência de usinas e fazendas. Vamos dialogar para tentar encaminhar soluções. Pernambuco tem muitos conflitos agrários e esses moradores temem sair das áreas', afirmou.

Por meio de nota, o Iterpe informou que o presidente do órgão, Henrique Queiroz, se reuniu com o secretário da Casa Civil, Túlio Vilaça, para tratar da volta da Comissão Estadual de Acompanhamento de Conflitos Agrários e Coletivos.

Ainda de acordo com o Iterpe, a comissão está em fase de nomeação dos componentes. Enquanto ela não é formada, o órgão informou que "continua em negociações simultâneas com representantes dos movimentos sociais e agrários, proprietários e Mistério Público, para manter um diálogo aberto evitando assim maiores conflitos".

Fonte: G1

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