4 cidades de Pernambuco estão entre as piores do país em saneamento
O levantamento expõe uma face alarmante da crise de infraestrutura urbana e aponta para um desafio que vai além da escassez de recursos: a ausência de prioridade política e de gestão eficiente.
O relatório avaliou os cem maiores municípios do país e revelou que Olinda, Recife, Paulista e Jaboatão dos Guararapes se encontram entre os 20 piores no ranking de saneamento.
Entre 2019 e 2023, essas cidades investiram menos de 65% do valor necessário para garantir o acesso universal à água potável e à coleta de esgoto. Isso significa que, mesmo em regiões urbanizadas e com grande densidade populacional, direitos básicos seguem negligenciados.
Classificações que alertam
A posição das cidades pernambucanas no ranking mostra um retrocesso em relação à última edição:
Olinda caiu para o 82º lugar (perdendo 11 posições).
Recife foi para o 83º (queda de 8 posições).
Paulista está em 84º (queda de 1 posição).
Jaboatão dos Guararapes aparece no 89º lugar (recuo de 2 posições).
Nenhuma cidade de Pernambuco figurou entre as 20 melhores, uma ausência que reforça o estado de alerta quanto à política pública de saneamento no território.
Investimento abaixo do mínimo necessário
O grupo dos 20 piores colocados do ranking investiu, em média, R$ 78,40 por habitante em saneamento ao longo de quatro anos. Para alcançar a universalização do serviço, o necessário seria R$ 223,82 por habitante.
Essa diferença aponta para a subpriorização estrutural do setor, mesmo com as consequências diretas na saúde pública e no meio ambiente.
O caso de Jaboatão
Entre os dados mais alarmantes, Jaboatão dos Guararapes se destaca negativamente:
Apenas 21,47% da população tem acesso à rede de esgoto.
Está em 95º lugar no Indicador de Atendimento Total de Água.
Ocupa a 92ª posição na Coleta Total de Esgoto.
A precariedade do sistema compromete diretamente a qualidade de vida da população, especialmente nas áreas periféricas.
Petrolina também em alerta
Embora fora da Região Metropolitana, Petrolina, no Sertão do estado, também aparece mal no ranking: 92º lugar no Indicador de Atendimento Total de Água. A cidade enfrenta desafios adicionais ligados ao clima semiárido, o que torna a má gestão hídrica ainda mais preocupante.
O problema do esgoto
A Compesa, em parceria com a empresa BRK, é responsável pela operação do sistema de esgotamento sanitário em parte da Região Metropolitana. A coleta de esgoto no estado está em apenas 34%, enquanto o fornecimento de água tratada chega a 86%.
O governo estadual anunciou, no fim de 2024, a intenção de conceder parte dos serviços à iniciativa privada, com a meta de universalizar os serviços de água e esgoto até 2033, mediante investimento de R$ 18,9 bilhões ao longo de 35 anos.
Degradação do Rio Capibaribe
O relatório também acende um alerta ambiental: o Rio Capibaribe, um dos mais importantes cursos d’água do estado, sofre com a degradação causada por esgoto doméstico despejado sem tratamento.
A falta de saneamento não só afeta diretamente a saúde da população, como compromete os recursos naturais e a sustentabilidade urbana de longo prazo.
A situação exposta pelo estudo do Instituto Trata Brasil revela muito mais do que números: mostra um estado em dívida com sua população. A ausência de infraestrutura adequada de saneamento impacta diretamente a saúde, o meio ambiente, a dignidade e a economia local.
Fonte: tribunademinas
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