Transexuais e travestis vão receber bolsa da Prefeitura de SP para estudar 94
Do UOL.
A
Prefeitura de São Paulo vai disponibilizar uma bolsa auxílio de R$ 850 para
transexuais e travestis que desejam voltar aos estudos. A iniciativa faz
parte de um programa voltado ao público LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais) que será oficialmente lançado no dia 29 de janeiro.
São oferecidas 100 vagas, mas a ideia é
ampliar esse número no decorrer do projeto, segundo Alessandro Rodrigues,
coordenador de políticas LGBT da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania do
município. O custo estimado para a oferta das bolsas, equipe de trabalho e
estruturação do programa durante 2015 gira em torno de R$ 1 milhão.
"Existe uma situação de preconceito que
é extrema em relação a essas pessoas. Pessoas que foram expulsas de casa ainda
na pré-adolescência, deixaram a escola e não passaram por nenhum processo de
reinserção na sociedade. Muitas não têm escolaridade mínima para conseguir um
emprego. Por isso a iniciativa", disse. "O programa terá dois anos e
visa trabalhar com três pontos fundamentais: elevação da escolaridade,
qualificação profissional e formação para cidadania."
Os selecionados devem ingressar no EJA
[Programa de Educação de Jovens e Adultos] já no próximo mês. A ideia é que
eles façam as disciplinas do ensino fundamental ou médio, conforme a
necessidade de cada um, no primeiro semestre e a partir do segundo comecem a
fazer cursos de formação profissional ligados ao Pronatec (Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego).
"A meta é que cada participante termine
o terceiro semestre do programa com pelo menos três cursos do Pronatec. No
último semestre o estudante pode continuar sua formação no EJA, caso não tenha
concluído ainda o ensino médio. Nessa etapa ele pode conciliar a escola com
estágios em empresas para adquirir experiência profissional", afirmou.
Quatro cursos técnicos foram definidos para a primeira fase do programa:
cuidador de idosos, auxiliar administrativo, auxiliar financeiro e artesão de
biojoias.
Para garantir o recebimento da bolsa, todos
devem realizar atividades de no mínimo 30h semanais e será obrigatória a
realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). "Fazer o Enem é um
requisito obrigatório. Principalmente na tentativa de obter o diploma do ensino
médio", acrescenta.
As escolas que receberão os alunos para
cursar o ensino fundamental e médio já foram definidas. Será a Escola Municipal
de Ensino Fundamental Celso Leite Ribeiro Filho e o EJA Cambuci. Segundo
Rodrigues, as instituições contarão com uma equipe permanente de psicólogos que
ajudarão na mediação de conflitos e no apoio aos estudantes – novos e antigos.
As turmas dos cursos técnicos serão
exclusivas com os novos alunos e as aulas serão realizadas no Centro de
Cidadania LGBT. Os estudantes do EJA serão distribuídos em turmas mistas.
Apesar de concordar que o valor da bolsa não
garante autonomia financeira, Rodrigues ressalta que a medida causará um
impacto positivo na "trajetória de emancipação profissional e
pessoal" dos participantes.
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