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Venha dançar com Olívia, é o que os pais pedem nas redes sociais



   Olívia nasceu às 11h20 do último 22 de junho, em uma bela segunda-feira de sol. Pesava 3,275 quilos e media 51,5 centímetros. Veio ao mundo após vinte horas de trabalho de parto. No hospital, Fernando e Marília testemunharam os cinco minutos intermináveis da filha sem respirar após ser retirada do ventre da mãe. Pouco mais de três meses se passaram depois daquele dia. Desde o diagnóstico de encefalopatia hipóxico isquêmica, um rotina diferente desenhou-se na vida da família. Quando acordada, Olívia tem irritabilidade intensa. Somente permanece sem chorar se estiver em algum braço em movimento ou sob o chuveiro aberto. Esgotados diante dos dias de dedicação ao bebê, os pais tomaram uma decisão inusitada. Abriram as portas do apartamento onde vivem para pessoas interessadas em “dançar” com Olívia.

   Marília Cireno, 33, arquiteta e costureira, e Fernando Peres, 43, artista plástico e dono de um bar do Recife, fizeram a convocação pelo Facebook. “Venha dançar com a gente! É grátis! Basta marcar por mensagem”, diz um dos textos postados na rede social. Surpreendentemente, a ajuda surgiu das mais diversas formas. Veio de amigos próximos, dos mais distantes e até de desconhecidos.

   Apareceu em forma de dinheiro para pagar as contas atrasadas diante da impossibilidade do casal de trabalhar. Revelou-se em “dançarinos” que mal conheciam sua capacidade de acalmar um bebê. Um outro alguém deu a ideia de chacoalhar Olívia sentado em uma bola de pilates. A onda de solidariedade foi contabilizada na presença de pelo menos 50 “bailarinos” até agora. Pais de crianças especiais também ofertaram vivências semelhantes, afagaram Marília e Fernando. Ao pai, continua cabendo a tarefa de mostrar à filha o planeta água.

   Segundo a equipe médica que fez o parto, Olívia passou por sofrimento fetal. Por isso teria sido submetida a uma cesariana de urgência. A encefalopatia hipóxico isquêmica é uma síndrome neurológica relacionada a asfixia perinatal. Pode ocasionar lesão no sistema nervoso central. As sequelas, no entanto, são varíaveis, dependem do grau da lesão e do estímulo dado ao paciente ainda quando bebê. Somente na UTI, Olívia passou 48 dias.

   “Já levamos Olívia a vários especialistas, entre neuropediatras e fisioterapeutas, e ainda não chegamos a um diagnóstico em comum que nos explique o motivo do choro intenso”, disse Peres. “Há suspeitas de tensão no labirinto, o que a deixaria tonta e por isso ela reagiria bem ao movimento. Como ela usou sonda para se alimentar por um tempo, também imagina-se que ela tenha esofagite por refluxo”, completa Marília.

   A neurologista infantil Adélia Henriques de Souza não atendeu a Olívia, mas explica que a irritabilidade e o choro contínuo são sintomas comuns a crianças com diagnóstico de encefalopatia. “A situação pode ser minimizada com mecanismos como terapia ocupacional, onde são feitos alongamentos, além de medicação”, esclarece.

   Marília e Peres encontraram forças para cuidar do bebê na solidariedade. Afinal, dizem que é para isso que servem os amigos. E até mesmo os desconhecidos. Quem quiser ajudar pode entrar em contato com o casal através do email mariliacireno@gmail.com.



Fonte: Diário de Pernambuco
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