Ato contra Bolsonaro no Recife termina com truculência
O sábado foi marcado por protestos contra o presidente Jair Bolsonaro. Os atos ocorreram em 180 cidades do Brasil e do exterior. Com cartazes nas mãos e gritando palavras de ordem, os manifestantes pediam a saída do chefe do Executivo, mais agilidade na vacinação e o retorno do auxílio emergencial de R$ 600.
Levado ao Hospital da Restauração, principal emergência da capital, os médicos constataram uma lesão grave. Ele foi transferido para a Fundação Autino Ventura, onde a equipe médica identificou a perda da visão do olho esquerdo. Os médicos não descartam a necessidade de retirada do globo ocular. Daniel não participava da manifestação. Tinha ido ao centro comprar materiais para adesivar objetos.
Pelas redes sociais, o governador do estado, Paulo Câmara (PSB), manifestou repúdio a qualquer forma de violência. “Sempre pratiquei, na minha condição de governador de Pernambuco, os mesmos princípios que defendo como cidadão e democrata. Repudiamos todo ato de violência, de qualquer ordem ou origem", disse.
Segundo Câmara, a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social instaurou procedimento para investigar os fatos e afastou o comandante da operação e os policiais envolvidos na agressão contra a vereadora. “Sempre vamos defender o amplo diálogo, o entendimento e o fortalecimento de nossas instituições dentro da melhor tradição democrática de Pernambuco", concluiu.
A Câmara Municipal do Recife e a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco emitiram nota de repúdio e cobraram rigor na apuração dos casos.
Brasília
As mais de 460 mil mortes registradas por covid-19 no Brasil, o elevado índice de desemprego, a defesa da educação pública, a falta de investimento nas universidades públicas, a aceleração da vacinação contra a covid, o retorno do auxílio emergencial de R$ 600, a luta antirracista, o combate à violência policial e o ataque às privatizações foram algumas das pautas reivindicadas.
O casal Carla Soares, 28 anos, historiadora, e Rafael Barbosa, 29 anos, servidor público, compareceram ao ato e notaram a pluralidade de assuntos levantados durante a caminhada. “Uma coisa interessante do movimento de hoje é que notamos uma junção de pautas ao redor de um objetivo principal, que é a defesa da democracia”, contou Rafael.
No canteiro central da Esplanada, fitas de contenção foram estendidas na tentativa de que o público respeitasse o distanciamento social. Durante a manifestação, foi pedido um momento de silêncio e para que os participantes levantassem a mão esquerda em sinal de protesto e luto pelas vidas perdidas desde o início da pandemia.
Apesar das preocupações das frentes de oposição ao governo Bolsonaro em realizar uma manifestação em meio à pandemia, o consenso divulgado pelos apoiadores dos atos foi o de entenderam que o descontrole do vírus e os índices de desemprego e fome exigem a realização de protestos. Durante o trajeto, líderes e participantes reforçaram os pedidos para que as pessoas seguissem as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), com o uso de máscaras PFF2 (considerada a mais segura por especialistas), álcool gel e mantivessem o distanciamento social.
Várias famílias marcaram presença no ato. O casal Jonas Bertucci, 41 anos, e Renata Santos, 37 anos, levaram seus dois filhos para a manifestação. Yuri Bertucci, 2 anos, estava na garupa da bicicleta da mãe e Nino Bertucci, 4 anos, acompanhava o pai. “Já tem dois anos que o país está em uma situação inaceitável. Eu e minha esposa chegamos ao consenso de que é mais perigoso ficar em casa do que não fazer nada. Eu cresci com meus pais me levando para manifestações, e agora levo os meus filhos. Acho importante que eles nos acompanhem e, desde cedo, comecem a ter noção de cidadania”, afirmou Jonas.
Nos estados
Em São Paulo, os manifestantes se concentraram em frente ao Museu Artístico (MASP) e ocuparam todas as faixas da Avenida Paulista. Os integrantes do protesto se estenderam por dez quarteirões e carregaram faixas e bonecos gigantes. Nenhuma ocorrência de destaque foi registrada pela Polícia. Também ocorreram marchas por outras ruas e avenidas no centro da cidade. No Rio de Janeiro, as concentrações tiveram origem no centro e percorreram as principais avenidas da capital fluminense. Os manifestantes carregavam cartazes e um boneco do presidente. As principais ruas de Belém (PA) também foram tomadas por manifestantes que pediam o impeachment do presidente Bolsonaro e mais vacinas.
Fonte: Correio Brasiliense
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