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Pernambucana é primeira paciente amputada do Brasil a receber implante metálico integrado ao osso


A primeira osteointegração em paciente amputado no Brasil foi realizada na quinta (7), no Recife, em uma pernambucana de 33 anos. Segundo os médicos, o procedimento, inédito até então no país, consiste em um implante metálico feito de titânio “no coto” do paciente, para que, depois, seja possível receber a prótese externa.

Natural de Cabrobó, Maria Leidjane Pereira da Silva descobriu um câncer ósseo aos 14 anos e aos 23 precisou amputar a perna direita. Ela não conseguiu andar com prótese.

"Nunca consegui me reabilitar. Tentei, só que era bastante difícil, machucava. Em algumas tentativas, eu caí e acabei desistindo de tentar novamente", contou a pernambucana.

Os médicos esperam que, com a cirurgia, ela consiga caminhar sem precisar de muletas - mesma esperança de Maria Leidjane. "Estou muito, muito feliz porque eu acredito que agora é o recomeço. Vai ser tudo diferente porque eu estava presa às muletas por muitos anos", declarou (veja vídeo abaixo).

O procedimento cirúrgico da dona de casa foi realizado no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), na área central da capital pernambucana, pelo ortopedista oncológico Marcelo Souza, com apoio do médico holandês Hendrik Van de Meent, especialista neste tipo de cirurgia.

De acordo com Marcelo Souza, não houve nenhuma intercorrência durante a cirurgia e que a paciente passa bem.

“Em breve, a gente vai dar sequência fazendo a reabilitação dela. Vamos ver se dá tudo certa e ela consegue encaixar a prótese dela no implante de osteointegração e passe a andar sem muletas. Será uma vitória imensurável”, afirmou.

Para o cirurgião ortopédico Eduardo Queiroz, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Regional Pernambuco, esta é a primeira de uma série de cirurgias deste tipo que serão conduzidas no Brasil.

"A gente fica muito orgulhoso, porque é um membro daqui de Pernambuco. Todo mundo está aqui realizado", comemorou.

Histórico

Marcelo Souza informou que o conceito de osteointegração começou na odontologia, com os implantes dentários. O médico Rickard Branemark aproveitou e aplicou na ortopedia em pacientes amputados.

“Na realidade, osteointegração significa integrar o osso de um paciente com alguma coisa que a gente implanta dentro dele. Se olharmos para a população de pacientes amputados no mundo vamos perceber que cerca de 40% deles não conseguem se adaptar a próteses”, explicou Marcelo Souza.

Por se tratar de um equipamento internacional e de alto custo, o cirurgião se empenhou em trazer a tecnologia ao Brasil. O modelo nacional foi idealizado por ele junto com o protesista Tiago Bessa, responsável pela reabilitação e protetização.

Eles conseguiram o apoio da empresa de próteses ortopédicas Impol e , após quatro anos de tramitação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o implante foi aprovado no fim de 2021.

"Isso serve não apenas pra pacientes amputados por causa de tumores ósseos, mas para pacientes amputados por trauma, como acidente de moto, de carro, até se for um paciente diabético, mas controlado e não tiver grandes complicações", detalhou.


Somente o implante feito na Holanda, segundo o médico, custa 20 mil euros. "Um valor praticamente impossível tanto para quem tem algum convênio privado como para o SUS (Sistema Único de Saúde), inimaginável. Então uma empresa brasileira acreditou no projeto", lembrou. Souza não informou o custo do implante a partir da fabricação feita no Brasil.

Fonte: G1

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